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quinta-feira, 31 de março de 2011

Turco do lago de Van



Para ver um Van infeliz, basta pegá-lo ou tentar colocá-lo no colo. Contato físico com o dono se resume a esfregar a cabeça nele. "Os meus me seguem por toda a casa, esfregam a cabeça na minha perna, mas não sobem no colo", afirma Claudia. "Se eu estiver assistindo televisão, preferem ficar no chão, em uma poltrona ou deitar ao meu lado", acrescenta. Diane conta: "Eles não gostam de ser carregados e quem pegá-los se arrisca a levar um arranhão ou uma dentada." Como não apreciam ficar no colo, precisam ser acostumados a andar de coleira desde pequenos - a única forma de sair com eles, sem transportá-los em caixas.

Aprendem com facilidade. Claudia diz que seus Vans assimilam muito rápido onde devem fazer as necessidades e a não arranhar as poltronas. Os de Diane aprendem facilmente uma brincadeira que ela ensina. "Bato a mão no meu ombro e eles imediatamente pulam em mim e ficam se equilibrando, passando de um ombro ao outro", diz. "Normalmente, se não fazem o que ensinamos é porque não querem e não por não aprenderem", comenta.

São pouco pacientes com crianças. "Os Vans não suportam as brincadeiras mais exaltadas dos pequenos", comenta Barbara. Cláudia diz que os dela fogem dos seus netos e, se provocados com cutucões ou puxões, defendem-se com unhadas. "Fora alguns arranhões leves em meus sobrinhos, não houve maiores problemas", resume Diane. Com estranhos, eles são reservados. "Quando um desconhecido entra em casa, ficam alertas e se aproximam cuidadosamente, mantendo certa distância", conta Claudia. "Mas não mostram qualquer intimidade, como se esfregar nas pernas do visitante ou pular sobre ele." Os gatos de Jan observam o estranho sem se deixar tocar.

O Turkish Van tem um corpo forte e longo, enfeitado por olhos grandes e oblíquos, que podem ser azuis, âmbares ou um de cada cor (olhos ímpares ou odd eyes). A pelagem é semilonga, mas seu comprimento pode variar conforme a estação climática, alterando a aparência do gato. Os próprios padrões da The International Cat Association (Tica) e da CFA mencionam que a pelagem da raça fica curta no verão e substancialmente longa no inverno. A cor tradicional é a chamada de auburn - corpo branco com manchas vermelhas. As outras colorações, sempre restritas apenas às manchas da cabeça, da cauda e eventualmente do corpo - são a creme, a preta e a azul. As manchas podem ainda ser tortoiseshell (escama-de-tartaruga), com duas cores (preto e vermelho ou azul e creme) ou tabby (riscada), com listras sobre elas. A Inglaterra é o único país em que há restrição a todas essas cores e marcações. A entidade inglesa GCCF e a Fife aceitam apenas a cor auburn e a creme, sendo que essa última foi reconhecida somente no ano passado.

Sua pelagem não tem subpêlos - os maiores responsáveis pelos nós e pela constante queda de pêlos que sujam os ambientes por onde os gatos passam. Por essa razão, os entrevistados afirmam que não é preciso escovar o Turkish Van, exceto quando trocam os pêlos, uma vez por ano.

A raça é bastante resistente e saudável. O veterinário Bruce Ferguson, professor na Universidade da Flórida-EUA e doutor em comportamento animal, tem conhecimento de apenas um mal de origem genética, associado à raça: o Pectus Excavatum, conhecido também como "esterno torcido". Trata-se de uma angulação incorreta das costelas, que acaba por pressionar os pulmões e o coração. Dos 40 Vans que já tratou, dois portavam o mal. Em casos brandos, o gato leva uma vida normal. Nos mais graves, apresenta dificuldade de respirar e dores no peito. O tratamento é cirúrgico e o animal não deve se reproduzir, para evitar a disseminação da doença. Nenhum dos quatro criadores entrevistados observou esse mal em seus exemplares.
TURCO ANTIGO

De raça muito antiga, o Turkish Van foi levado em 1955 para a Inglaterra, pelas inglesas Laura Laushington e Sonia Holliday. Elas participavam de uma expedição fotográfica no Lago Van, na Turquia, quando ganharam um casal desses gatos. Os primeiros exemplares eram da cor auburn. Quatro anos mais tarde, Laura importou mais exemplares. A raça chegou aos EUA em 1983, por intermédio da criadora Barbara Reark, da Flórida - EUA. O Turkish Van foi reconhecido pela mais importante entidade inglesa, a GCCF, em 1959. Nos EUA tornou-se oficial somente algumas décadas depois. Pela Tica em 85, e pela CFA, nove anos mais tarde. Outra raça de origem turca, da região de Ancara, chamada Turkish Angorá, costuma ser confundida com a Turkish Van. O Angorá, porém, tem estrutura mais esguia, cabeça mais longa e estreita e não tem a marcação Van.
PADRÃO OFICIAL

The International Cat Association (Tica)

Cores/Divisões/Categorias reconhecidas: Categoria Tradicional, Divisão Particolor, todas as cores, Somente padrão Van.(Nota: Vermelho/branco e creme/branco podem apresentar marcas tabbies, sem que tal fato seja possível de penalização. Tal fato se deve à dificuldade para se distinguir entre um autêntico vermelho e um vermelho tabby em um gato padrão Van.)
Descrição Geral: o Turkish Van é um gato de constituição muito sólida, de pelagem semilonga, com o manto variando de acordo com a estação do ano, peito e ancas muito largas. O poder e a força da raça são evidenciados pelo corpo substancial e pelas pernas poderosas. Uma das características mais marcantes é o distinto padrão e marcação. O Turkish Van possui um temperamento essencialmente impositivo e é de natureza afável. Deve parecer alerta, saudável e estar com grooming impecável; deve, também, estar limpo, disposto e preparado para o manuseio, livre de parasitas de qualquer natureza. Os machos devem ser maiores e mais imponentes; as fêmeas possuem tamanho de médio a grande e excelente balanço e equilibrio. Durante o manuseio, não se deve conter os movimentos com força, pressionando o corpo do animal, deve ser aplicada, apenas, uma pressão firme e segura. Sentem-se mais confortáveis e se mostram melhor quando são deixados sozinhos sobre a mesa de julgamento (se o temperamento assim o permitir).
Cabeça: a cabeça tem a forma de cunha modificada, larga nos machos e semilarga nas fêmeas. A cabeça é minimamente mais longa do que larga. O focinho tem formas harmoniosas, em proporção com a cabeça, com break definido, mas não excessivo, na área de inserção dos bigodes (em gatos com pelagem completamente desenvolvida deve ser sentido com os dedos). A mordida deve ser parelha e o queixo é arredondado. A cara não deve manter nenhuma semelhança com a de uma raposa. As bochechas são altas e o perfil é "esculpido"com uma reentrância ou um suave stop na altura dos olhos. O nariz apresenta uma curva que aponta para baixo não existe nenhum ângulo agudo na cabeça. O pescoço é medianamente curto e musculoso.
Olhos: os olhos são grandes e expressivos. Têm o formato de caroço de pêssego ou de noz, colocados no meio do rosto, levemente oblíquos. Os olhos podem ser azuis, âmbar ou odd (um de cada cor). Permite-se que os olhos sejam verdes, mas se dá preferência àqueles em tonalidade âmbar. Não devem ser penalizados gatos com menos de 18 meses de idade e que apresentem cor de olhos desmaiada ou pouco intensa. As bordas dos olhos são rosadas, a menos que tenham a coloração de spots eventuais e aleatórios
Orelhas: as orelhas são grandes, colocadas relativamente altas na cabeça, voltando-se suavemente para os lados. A altura é igual à distância que as separas.
Corpo: o corpo é longo, grande e substancial. A caixa torácica é levemente arredondada, sem porções achatadas. O peito é cheio e largo e o corpo se estreita suavemente para a região pélvica, que deve ser bastante forte. O desenvolvimento muscular deve ser perigoso. Deve dar a sensação de peso e de firmeza ao toque. Não deve ser penalizada pele solta entre as patas traseiras. Os machos são maiores e mais imponentes; as fêmeas são mais delicadas. Os filhotes não possuem o toque firme e musculoso dos adultos.
Pernas e Pés: as pernas são colocadas afastadas, médias em comprimento e em ossatura. As patas traseiras são mais longas do que as dianteiras. As pernas são elegantes e musculosas, afilando-se para pés arredondados. Os dedos dos pés possuem fartos tufos de pêlo. O couro do nariz é pink, exceto onde ocorram spots eventuais e aleatórios.
Cauda: a cauda tem o formato de "pluma"ou "pincel"; de comprimento médio e em proporção com o resto do gato. A cor deve ser contínua desde a cauda até a ponta. Em gatos tabbies, deve apresentar anéis e ser mais escura na parte de cima. A cor pode se estender pelas ancas (Os pêlos devem ter, pelo menos 50mm de comprimento em gatos adultos.)
Cor e Padrão: a cor deve ser branco-giz, sem nenhum traço de amarelo. A marcação segue o Padrão Van (o que significa que o gato possui uma "chama" na cabeça e cauda de cor, com corpo branco). Uma brilhante mancha branca (blaze) deve se estender pelo nariz até a testa indo, pelo menos, até às orelhas. A marcação é idealmente restrita à cabeça e à cauda, mas alguns exemplares podem apresentar spots (manchas) aleatórios em até 20% do corpo do gato (incluídas a cor da cabeça e da cauda), sem nenhuma penalidade. Não devem ser penalizadas gatos em que a cor se estenda além da cabeça ou das ancas e spots aleatórios. Os cremes e vermelhos possuem marcas tabbies; outras cores são verdadeiras, seguindo as características da Descrição de Cores. A cor da cabeça pode estar presente em apenas um ou em ambos os lados.
Cor e Padrão: a cor deve ser branco-giz, sem nenhum traço de amarelo. A marcação segue o Padrão Van (o que significa que o gato possui uma "chama" na cabeça e cauda de cor, com corpo branco). Uma brilhante mancha branca (blaze) deve se estender pelo nariz até a testa indo, pelo menos, até às orelhas. A marcação é idealmente restrita à cabeça e à cauda, mas alguns exemplares podem apresentar spots (manchas) aleatórios em até 20% do corpo do gato (incluídas a cor da cabeça e da cauda), sem nenhuma penalidade. Não devem ser penalizadas gatos em que a cor se estenda além da cabeça ou das ancas e spots aleatórios. Os cremes e vermelhos possuem marcas tabbies; outras cores são verdadeiras, seguindo as características da Descrição de Cores. A cor da cabeça pode estar presente em apenas um ou em ambos os lados.
Couro: Todas as partes recobertas com couro são rosadas, com exceção daquelas partes em que há spots.
Observações Gerais: o gen do spotting branco está presente e pode se manisfetar através de manchas em forma de retalhos nas partes de cor, sobre um dos olhos, fazendo com que a íris seja azul, ou, ainda, como um pequeno spot na ponta da cauda. A ocorrência de surdez não é reconhecida nessa raça.
Pelagem: a pelagem é impermeável, resistindo à água, com pêlo semilongo, obedecendo a variações sazonais. A textura é macia, similar à do veludo. A pelagem de verão não é tão macia quanto a de inverno, que é mais farta, cheia, longa e macia. O subpêlo não deve ser encaracolado. O desenvolvimento completo da pelagem acontece em gatos com mais de dois anos, com manto de inverno. Durante o verão, a pelagem é mais curta, com exceção da cauda. Os pêlos permanecem levemente afastados do corpo. É desejável que os pêlos da barriga e das coxas traseiras tenham aspecto e textura esvoaçantes.
Penalização: branco amarelecido; cor em mais do que 20% do gato; falta da chama branca no rosto.
Desclassificação: condições físicas desfavoráveis; padrão bicolor; adultos com tamanho extremamente pequeno.
Verificar Regulamentos de Exposição da FCGB, disposições a respeito de penalização/desclassificação a que estão sujeitos todos os exemplares.
PARA SABER MAIS

Clubes: Inglaterra, The Turkish Van Cat Club, (0044-171)568-8400. EUA, Vantastix Turkish Vans (001803) 652-3689.
Criadores: Jan Dowling, (0044-81-984-1550); Deborah Hayes, (001703)754-4376. Barbara Reark, 591-2792. (001352) Claudia Burnett, (001405) 340-5694. Diane Marcus, (001301) 983-1098.

Agradecemos aos entrevistados e à revisão técnica de Enock Pio de Oliveira, secretário da CFA do Brasil, de Érica K. de Araújo, juíza de todas as raças pela Tica e de José Clóvis do Prado Júnior, juiz internacional da Fife das raças de pêlo longo.

Reportagem: Rodrigo Flores. Redação: Carmen Olivieri. Edição de texto: Marcos Pennacchi.

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